No ambiente corporativo nem sempre o certo é fazer tudo certo

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Acredite se puder, na prática a teoria é outra. Existe uma grande diferença entre planejar estrategicamente uma empresa, criar normas e procedimentos, implantar modelos de qualidade e excelência em gestão e fazê-la executar tudo isso. É o que alguns consultores chamam de excesso de “iniciativa” e falta de “acabativa”.

Este cenário depende muito do tipo de empresa e da condição financeira que ela passa. Empresas muito pequenas, familiares ou ligadas à política tomarão decisões arbitrárias se estiverem em condições complicadas, e estas frequentemente não dependerão de você.:
  • Empresas pequenas costumam cortar investimentos na primeira tempestade e são mais suscetíveis a problemas financeiros.
  • Empresas familiares costumam sofrer de divergência entre os sócios, que eventualmente causam grandes impactos operacionais.
  • Empresas ligadas a política costumam sofrer grandes pressões em anos eleitorais, quando tudo tem que parecer funcionar melhor do que os anos anteriores.
No nível executivo existem aspectos políticos e uma relação muito delicada com o poder, com a qual você deve interagir muito cautelosamente. Em geral, os executivos não terão tempo ou confiança de lhe passar suas reais expectativas, e algumas vezes, politicamente não existe o interesse de realmente se resolver os problemas. (Sugere-se a leitura do livro “As 48 Leis do Poder” de Robert Greene publicado pela Editora Rocco)
Nem sempre é suficiente receber missões, alinhar com o planejamento estratégico da empresa e normas vigentes da empresa, submeter à aprovação, formalizar relatórios de análise causal, organizar matriz de responsabilidades da área, reorganizar o time e os processos, organizar o modelo de gestão de projetos, compartilhar os erros mais comuns dos projetos passados e solicitar feedback sobre o trabalho.
Para lidar com o poder é preciso mais do que competência técnica e gerencial, é preciso ter inteligência emocional para enfrentar o”não-entendimento” de ordens e razões políticas indiretas.
É preciso estar preparado para ganhar a confiança de seu executivo e respeito de seus clientes e funcionários; mediar conflitos com áreas-meio, pares, superiores e subordinados; administrar problemas crônicos em projetos legados e erros elementares em projetos novos; lidar com a falta de trato, educação e inteligência emocional das pessoas; administrar expectativas conflitantes e conseguir integrar isto tudo para operacionalizar o rumo planejado.
A parte mais difícil, como costumo dizer, não é de liderar pessoas e administrar uma grande área, é lidar com as mudanças de prioridades e expectativas ocultas.
Não há espaço para a ingênua abordagem do “só faço meu trabalho”, nem sempre os players são explícitos, nem sempre os interesses estão à vista e nem sempre seus aliados estarão ao seu lado quando precisar.
A melhor forma que aprendi até agora para lidar com ambientes e pessoas muito difíceis é:
  • Prepare-se diariamente para a rotina – Acorde pela manhã, olhe-se no espelho e prepare-se para enfrentar tudo que lhe desagrada no ambiente de trabalho, como stress, desrespeitos, conflitos crônicos, desorganizações, objetivos ocultos;
  • Tenha válvulas de escape fora do expediente – Pratique atividades físicas, cuide de sua autoestima, realize atividades de lazer ou algo que você considere prazeroso.
  • Mantenha uma boa reserva financeira

Fazendo isso você irá poupar muitos cabelos brancos. Mas se o ambiente estiver muito caótico e houver ameaça sobre seus superiores, prepare-se para ser alvo do primeiro Paredão.

Boa sorte a todos!

Eli Rodrigues

Publicado por: Eli Rodrigues

There are 2 comments for this article
  1. Jones at 11:30

    Qualquer semelhança com minha realidade atual é mera coincidência? Acho que não! Mas como citado, a inteligência emocional faz a diferença nesse ambiente caótico.

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