O Elo perdido: Velhos paradigmas em novos cenários

Ainda nos dias de hoje tenho visto muitas organizações batendo cabeça com o modelo cascata. Se esmerando em planejar projetos até a última atividade antes de começar a desenvolver um produto, em levantar todas as expectativas (por mais abstratas que sejam) antes de pôr a mão na massa.

As consequências ainda são as mesmas de 20 anos atrás: projetos atrasados, custos estourados e cliente sem produto para usar. A vantagem é que 20 anos atrás poucas empresas mensuravam o prejuízo e assim eram mais felizes, já que segundo Sócrates “ninguém erra voluntariamente, somente aquele que não conhece o fim de suas ações”.

Existem diferentes tipos de projetos e nem sempre o mesmo método é aplicável a todos eles. Alguns projetos têm requisitos conhecidos e estáveis, como projetos de construção de um prédio em que todos os andares têm o mesmo tamanho. Outros têm requisitos desconhecidos e instáveis como desenvolvimento de produtos, logística, saúde etc. Por mais que se planejem os detalhes, a realidade será descoberta apenas na “execução”.

Para ilustrar, imagine o Anderson Silva planejando os socos que daria durante uma luta? Aos 2:14min do segundo round, dar um soco giratório no adversário. Não tem sentido algum, não é? Ao contrário, ele treina várias técnicas e adapta sua luta a cada adversário.

 “Ousar pensar por própria conta e risco é algo que demanda um desempenho e um esforço individuais e, por isso, é mais confortável transferir para outro a responsabilidade da reflexão.” (Kant)

As velhas frases como “Preciso de um prazo final!”, “Tenho que levantar todos os detalhes antes de me comprometer com algo!”, “Sem escopo não há prazo” ou “Jogo o risco para o fornecedor!” já não justificam! Não adianta tapar os olhos e fingir que ninguém está vendo.  Precisamos de senso de propósito e não de horário de trabalho fixo.

É hora de revisitar os modelos de gestão levando em consideração a imensa quantidade de mudanças que a humanidade viveu nas últimas décadas e principalmente, as mudanças que está vivendo agora. Isso sim determina como devemos gerenciar projetos.

Eli Rodrigues