Vale a pena montar uma Fábrica de software?
Embora “Fábrica de software” (FSW) seja um termo polêmico e muitos gastem horas a fio discutindo a validade da analogia fabril, as empresas que montaram suas operações não estão muito preocupadas com isso. Enquanto os brasileiros discutem se o termo é adequado ou não, indianos, filipinos e vietnamitas estão vendendo serviços de software há vários anos e fortalecendo-se cada vez mais.
Não que as operações mais críticas de negócio das empresas multinacionais estejam na Índia, geralmente eles desenvolvem apenas componentes (partes do projeto), mas nós brasileiros vendemos soja e minério, vamos falar o que? Entre os indianos existem centenas de “vogais” da informática.
Neste post, faço uma breve abordagem sobre os produtos e serviços comercializados por Fábricas de software.
1. Ativo “infinitamente” reutilizável
Software é um ativo que pode ser REUTILIZADO amplamente. Ou seja, você pode vender o mesmo software infinitas vezes. Também pode reutilizar partes (componentes) em vários outros softwares diferentes.Para que isso aconteça é necessário desenhar uma “arquitetura de componentes”, definindo-se um núcleo de funcionalidades reutilizáveis.
Exemplo: Aplicativos vendidos na Apple Store e Google Market, são milhões de vendas para o mesmo ativo.
2. Otimizando o portfólio
Isto serve para qualquer tipo de empresa desenvolvedora de produtos. Deve-se evitar vender produtos/projetos completamente diferentes de tudo que já possui, é melhor desenvolver categorias, evoluir produtos e construir novas versões (linhas complementares).Projetos são sempre muito arriscados, se puder vender adaptações, evoluções ou manutenções, prefira.
Por exemplo, um sistema de controle financeiro pode ser vendido separadamente ou pode ser acoplado a sistemas de gestão empresarial (ERPs), sistemas acadêmicos, de vendas, contabilidade etc.
3. Ganhos com produtos/serviços complementares
Venda tudo! Junto com o software, comercialize a análise dos processos de negócio, infraestrutura, service desk, treinamentos, implantação, manutenção/suporte e, se cabível, a alocação dos operadores do sistema.
É fundamental que as service lines estejam alinhadas para um projeto conjunto e que o account manager (vendedor) tenha conhecimentos técnicos e muita imaginação para fazer a venda casada. Contratos de manutenção, por exemplo, são capazes de manter os custos operacionais de uma fábrica e a alocação de pessoas no cliente costuma ser muito rentável (custos + % de lucro).
4. Sofware as a service (SaaS)
Com o advento da computação em nuvem e a popularização da “velocidade” da internet, tornou-se possível comercializar software por demanda. Nesta modalidade, a empresa cria um produto que fica hospedado online e é vendido conforme é utilizado. Este modelo de negócio permite que a empresa estabeleça “assinaturas” e com isso, obtenha uma receita (relativamente) estável.
5. Liberdade geográfica e Ecossistemas (outsourcing)
A FSW pode ser estabelecida em qualquer lugar do mundo, de Manaus à Caxias do Sul, de Bangladesh à Toronto. Pode ser composta por diversas empresas formando um ecossistema e com isso, fazendo uso das diferenças econômicas de cada região.
Não é preciso ser uma empresa de grande porte para viabilizar operações em outras regiões, o outsourcing pode ser feito com pequenas empresas. É preciso um bom “mapeamento de competências”, um processo de testes eficiente e, é claro, um controle de versão eficaz, com backup e integração contínua. Isso é bem comum na área de publicidade, por exemplo, que compra pequenos softwares (web) de birôs.
Sim, vale a pena!
Faz muito tempo que o desenvolvimento de software deixou de ser brincadeira de adolescentes, software custa caro! São milhares e até milhões de reais em projetos de grande porte. A rentabilidade das FSW dependem de muitos fatores, sobretudo dos serviços complementares e, como em todo produto de alto valor agregado, há também alta lucratividade. É preciso gerenciar os processos técnico e administrativo com prioridades definidas, de forma coesa e com foco total em resultados.
Eli Rodrigues