Gestão da Capacidade
Este post é parte da série “Modelo de Gestão Operacional”
Quando não há concorrência entre projeto e operação, o controle se torna simples, bastando uma planilha de ocupação x disponibilidade de recursos.
Um histograma mostraria a disponibilidade de cada recurso no tempo, e com isso é possível definir quando será possível iniciar um novo projeto.
Um técnico (recurso humano) não deve ser desdobrado em muitos projetos por vez. Se isso ocorrer, é fundamental que haja uma fila de atendimento, preferencialmente gerenciada por um terceiro, para que o técnico tenha foco nas atividades. Um ser humano perde cerca de 50% de sua produtividade quando se envolve em mais de duas atividades em paralelo e, com certeza, perde muito mais sendo interrompido.
Além disso, quando o técnico é forçado a gerenciar sua própria alocação, sujeito às pressões de diversos departamentos e clientes, tende a adotar critérios próprios para priorizar. Vulgarmente falando, atende “quem gritar mais alto” e com isso, toda programação de faturamento de projetos mais rentáveis, de maior visibilidade ou urgência é ignorada.
Entre a teoria e a prática, o grande problema é quando a empresa não possui controle nenhum. Não consegue avaliar quando pode iniciar novos projetos, nem quando finalizará os atuais. E o caos completo é quando a empresa começa a aceitar projetos sem afunilar pela capacidade, geralmente não entregando nada com qualidade e muitas vezes nem entregando – é o que chamo de “Síndrome do Portfólio Guloso“.
Este ciclo de urgência destrói a eficácia da empresa e, em pouquíssimo tempo, começa a impactar o negócio, postergando faturamentos, recebendo multas e deteriorando a marca no mercado.
Por onde começar?
Primeiramente é preciso inventariar as capacidades existentes na empresa, seja por vias formais como um “mapeamento de competências”, seja com uma planilha Excel ou uma folha de papel sulfite.
Tendo em mãos a lista de profissionais e as capacidades disponíveis, inicia-se o trabalho de projetar sua disponibilidade ao longo do tempo (histograma) e a partir daí, atualizar periodicamente a alocação individual. Em seguidas são definidas as responsabilidades, calculados e controlados os SLAs.
Deste modo é possível identificar gargalos e suas causas, que às vezes podem ser a quantidade de mão-de-obra disponível em alguma fase do processo, ferramentas, métodos e os demais aspectos do Ishikawa.
Sem controle de demanda x capacidade é impossível gerir um negócio de forma saudável. O processo de trabalho se torna um contínuo ciclo de urgência, caça aos culpados, conjecturas sobre a competência e a boa vontade das pessoas. É importante lembrar o mercado globalizado não tolera mais este tipo de ineficiência e empresas menos competitivas tendem a extinção, é a lei do mais forte.
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Eli Rodrigues