Construindo equipes de alto desempenho através da identidade de grupo
A identidade de grupo é o que nos dá a sensação de pertencimento a um grupo de pessoas, seja uma família, uma empresa, uma classe econômica, uma religião. Ela toma forma através de símbolos e comportamentos comuns aos membros do grupo e é um processo natural para grupos de
convivência contínua.
Pertencer traz direitos e deveres para todos os membros do grupo. Direito de ser parte, de ter um papel no grupo e de ser protegido por ele. Os deveres, em contrapartida, são relacionados a obediência às regras e costumes do grupo, como: vestir-se, falar e pensar conforme os demais.
No filme “O senhor das moscas” têm-se uma representação bem didática de como um grupo pode se identificar de tal forma a querer exterminar os dissidentes. Segundo Asch, é o que se denomina como “conformidade social” que faz com que cheguemos ao ponto de mudar de opinião para entrar em conformidade com o pensamento dos demais. É esse processo de “conformidade” que dá vida à necessidades simbólicas de pertencimento como: uma pessoa da classe média precisar comprar determinados objetos para sentir-se parte do grupo sócio-econômico, da mesma forma que uma pessoa culta pode falar português incorretamente para sentir-se mais próxima de seus conterrâneos.
Simbologia
Os grupos precisam de “símbolos” para auxiliar o processo de unificação. Os símbolos podem ser ícones, cores, rituais e princípios, que geralmente tomam forma através de logotipos, bandeiras, roupas, linguajar, rituais e de arquétipos. É por causa desses “símbolos” que nos emocionamos com o Hino Nacional e através do mesmo mecanismo é que associamos o conceito de inovação ao logo da Apple. Os arquétipos, por sua vez, são perenizados através de lendas e de heróis com os quais nos identificamos.
Dessa necessidade de pertencer, que nos é intrínseca, nascem as “tribos urbanas” e também as revoluções. Quem diria o povo brasileiro protestando aos milhões nas ruas? Mas logo os protestos começaram e muitos sentiram-se no “dever” de participar, cada um por seus motivos. Isso é pertencimento!
Construção de identidade
A construção da identidade é fundamental para a liderança de uma equipe, pois compartilha a visão e pactua objetivos. Há muito mais chances de sucesso numa equipe em que os membros se identificam uns com os outros. Deste modo, pode-se deduzir que as ferramentas para construção de identidade no mundo moderno estão relacionadas à construção de um mindset comum de objetivos, lendas e rituais.
Isto toma forma através de símbolos como: a denominação do grupo (dar um nome), comunicação participativa (direito de opinar), o estabelecimento claro de objetivos (saber como contribuir), o reconhecimento dos “heróis” e dos casos de sucesso (ter um exemplo) e a liberdade para arriscar-se (ter a chance de acertar). O direito de pertencer ao grupo, protegê-lo e de lutar por ele também fazem a diferença, por isso as metas e o reconhecimento coletivos são bem-vindos.
Por parte do líder é importante observar a construção realista de expectativas (teoria das expectativas), o provimento de condições de trabalho (fatores higiênicos), a equidade e sobretudo, a meritocracia. Um grupo autocrático tende a unir-se em torno de manobras políticas para ganho de influência com o líder (rei) e isto tende à manipulação de resultados, logo, à ineficiência e ao medo.
Cabe ainda ao líder conhecer cada membro da equipe, saber como comunicar-se com ele e oferecer-lhe condições de contribuir de forma significativa, avaliando suas competências e dando-lhe missões que possa cumprir. É um trabalho que requer sensibilidade com as necessidades de cada indivíduo e contextualização, afinal quando a data de entrega se aproxima, uma liderança diretiva costuma ser mais eficaz que a democracia.
A construção da identidade de grupo é um processo contínuo e sensível, que precisa ser reforçado a cada mudança significativa, mas que vale a pena em termos de resultados. Assim se constroem times de alto desempenho.
Eli Rodrigues
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