Todo funcionário é estratégico

Todo funcionário é estratégico

Agora que você já montou seu Planejamento Estratégico e estipulou Metas e Regras para cada departamento, é provável que esteja se perguntando como engajar cada indivíduo nesta luta. Isto é o que abordarei hoje.

O Indivíduo

Quando penso sobre como os seres humanos são diferentes e únicos, costumo passar horas conjeturando sobre como engajá-los em uma luta. Não é algo trivial, cada um possui seus próprios valores, crenças e anseios. Na coletividade temos um organismo mais simples, que pode ser direcionado através de Heróis, Rituais e Metas. Mas e o indivíduo?

Vejo muitos gestores fazendo separações entre quem é e quem não é estratégico. O board (cúpula da empresa) costuma se sentir oniciente, são eles que decidem rumos, tomam decisões. Até aí tudo bem, mas não podemos esquecer que cada indivíduo também é capaz de contribuir com a execução e com as mudanças de planos. Aliás, deixar suas informações e opiniões de lado é um erro crasso. Quem somos nós para saber tudo?

Deste modo, o tratamento que damos aos indivíduos é o primeiro aspecto a observar. Estamos construindo robôs cujos sentimentos e opiniões são descartáveis ou queremos seres pensantes e contribuintes com o processo? Costumo dizer que cada funcionário da empresa é um vendedor potencial, pois através de suas redes de contato e feedbacks (que recebem dos colegas, clientes e fornecedores) temos informações para modificar os planos e rever a direção do negócio.

Mas como já disse antes, o ser humano possui seus valores, crenças e anseios. O que isso significa?

Atualmente trabalho numa empresa que mistura Arte e Lógica. É engraçado, os artistas se portam de uma forma e os “Lógicos” de outra. Um grupo nunca perde a oportunidade de criticar o outro, mas de certa forma conseguem se complementar. Existem ainda os híbridos, aqueles que são um pouco dos dois, tanto criativos quanto lógicos.

Para concretizar o exemplo:

  • Ricardo é um Artista, para ele o maior valor da vida é fazer algo novo, diferente e “o mais perfeito possível”. Muitas vezes Ricardo vira noites debruçado sobre uma idéia, mas não curte muito esse negócio de “bater ponto”. Ele já ganhou muito e já ficou desempregado, para ele pouco importa, desde que faça o que gosta.
  • Já o Roberto é um cara lógico, para ele o certo é dar resultados, terminar o que foi começado e chegar no horário. Sua vida é planejada em todos os sentidos e seus salários vem crescendo paulatinamente ao longo dos anos.

Ambos são pessoas felizes e contribuem muito para o Negócio. Mas seus valores, crenças e anseios são diferentes.

  • Ricardo, por exemplo, tem como valor principal da sua vida a “Inovação”. Já o Roberto, tem como valor a “Entrega”.
  • A crença de Ricardo é que não importa quanto tempo trabalhe ou deixe de trabalhar, desde que tenha uma idéia genial. Já o Roberto, acredita que o controle cadenciado dos projetos, com uma gestão de custos bem realizada, é que darão resultados para a empresa.
  • O que o Ricardo mais quer na vida é ganhar um prêmio por mérito, o Roberto quer cumprir seu papel e ter certeza que contribuiu com a empresa, assim pode tirar férias em paz.

Nenhum de nossos personagens está “mais certo que o outro”, eles apenas são pessoas diferentes, seres humanos complexos que fazem parte do mesmo time.

Utilizando a contribuição de cada um para o Estratégico

No post anterior falei sobre Metas e Regras, algo que acredito piamente. Hoje quero adaptar esse conceito para o indivíduo, acompanhe o raciocínio comigo:

  • Objetivo estratégico: Aumentar o lucro em 20%
  • Objetivo do grupo lógico: Entregar o que foi planejado garantindo a lucratividade.
  • Objetivo do grupo artístico: Ter idéias geniais, que gerem produtos inovadores e possivelmente lucrativos.

Para que ambos sejam atendidos, é preciso criar mecanismos para absorver suas contribuições:

  • Roberto será orientado a tarefa, terá atividades lógicas, operacionais e definidas.
  • Ricardo terá toda flexibilidade para desenvolver suas idéias, desde que no dia X estejam definidas.

Aprofundando, vemos as Metas e o que a empresa espera que seja desenvolvido pelo profissional. Vejamos os exemplos:

Metas do Roberto (Lógico)

METAS Logicas

Metas do Ricardo (Criativo)

METAS Criativas

“Costurando” o Operacional ao Estratégico

Será que cumprimos a amarração desejada? Vamos avaliar. Considerando a subjetividade da tática, que é o detalhamento da estratégia, podemos concluir que embora nenhum de nossos personagens seja da área de vendas, suas contribuições podem fazer a diferença no faturamento da empresa.

O que “costura” a estratégia é o estrategista, o gestor da empresa. Ele é quem pode orquestrar os diferentes papéis através da hierarquia para gerar o resultado. Embora falte no nosso exemplo uma pessoa de vendas, a elaboração do texto dessa forma foi intencional, para que tenhamos a oportunidade de observar como o Operacional se une ao Estratégico ainda que as “amarras” não sejam óbvias.

Espero ter ajudado!

Eli Rodrigues

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Publicado por: Eli Rodrigues

Há 1 comentário para este artigo
  1. FERNANDO RAMOS DE CARVALHO at 08:35

    Excelentes reflexões, exemplos e comparações. Muito bom! Visto que a gestão de pessoas é tão importante e ao mesmo tempo complexa na execução de projetos, uma coluna sobre esse assunto avaliando vários perfis e enquadrando-os à estratégia (como neste texto acima) iria agradar e ajudar a muitos… Gde abs!