3 lições do filme “O mordomo da Casa Branca” sobre a carreira em gestão
Neste filme emocionante, Lee Daniels conta a história de um jovem negro que viveu o fim da escravatura nos Estados Unidos e acabou por se tornar um mordomo na Casa Branca, servindo a vários presidentes famosos como Kennedy, Nixon, Lincon, Ronald Reagan etc. O cunho da história é o longo processo de conscientização da população sobre a barbárie que foi a escravatura, mas principalmente, a luta do povo para garantir a igualdade de todos.
Embora seja um filme complexo, que aborda um assunto pesado como a segregação racial, o personagem principal busca manter-se alheio aos conflitos que passavam a seu redor, assumindo uma postura neutra que para muitos pode ser vista como passiva. No entanto, sua capacidade de gerenciamento da situação me fez lembrar em grande parte o que vivemos nas Organizações. As lições que captei ao assistir esse filme, compartilho com vocês abaixo.
1. Pessoal x Profissional
Cecil, o personagem principal, aprendeu desde cedo (e da forma mais dolorosa possível) que precisamos saber reservar nossas emoções das relações de trabalho. No filme, ele aprende a ter duas personalidades, uma no serviço e outra na vida pessoal. Não é muito diferente do que Daniel Goleman prega como Inteligência Emocional, explicando que devemos ser sábios ao controlar nossas emoções, ao invés de permitir que nos dominem.
Existe uma área da Psicologia chamada “Análise Transacional” que estuda os Estados de Ego. Gosto de chamá-los de “estado de espírito”, pois podem ser tanto circunstanciais ou momentâneos quanto podem reger nossas vidas.
Os Estados de Ego são 3: Pai, Criança e Adulto. Em linhas gerais, no Estado de Ego de “Pai” nos comportamos conforme os princípios que aprendemos e esperamos que os outros se comportem da mesma forma. O equívoco, que não podemos cometer, é que nenhum ser humano viveu as mesmas experiências que nós e nem foi criado pelos nossos pais, logo, é ilógico esperar que se comportem como nós. No Estado de Ego de “Criança” somos guiados por nossas emoções e desejos, não nos importa o que os outros pensam, importa-nos apenas o que sentimos. Deste modo, podemos tomar decisões precipitadas, magoar os outros etc. Já no Estado de Ego de “Adulto”, aprendemos a ponderar entre o que aprendemos com nossos pais e o que sentimos. Este é o Estado ideal, de autocontrole sobre as emoções e de empatia.
Sabendo disso, podemos nos adaptar para interagir de forma mais equilibrada com os demais, evitando entrar em assuntos de opinião muito particular como os clássicos: Política, Futebol e Religião. A pessoa mais equilibrada tem maiores chances de se destacar no mercado de trabalho, pois consegue ponderar suas ações e tomar decisões livres de preconceitos ou emoções.
2. A arte de servir
Cecil era um mestre em servir bem, aprendeu a conhecer seus clientes, antecipar seus desejos e cuidar de seus interesses sem que fosse solicitado.
Certa vez li um livro chamado “Faça o que tem que ser feito e não o que lhe pedem”, trata-se de uma obra que ensina o poder da Iniciativa. Somos perfeitamente capazes de perceber o que precisa ser feito, não precisamos de alguém que nos mande. Se você vir um papel no chão, não terá o ímpeto de jogá-lo no lixo? Da mesma forma, se sabe que seu líder precisa de uma informação, porque não oferecê-la sem que ele peça?
Na carreira do Gerente de Projetos, o senso de iniciativa é mais que obrigatório. Somos responsáveis por cuidar dos interesses de alguém (ou de várias pessoas, que são os stakeholders) e muitas vezes elas não fazem idéia da complexidade por trás do resultado que esperam. De fato, não devem se preocupar, pois contrataram um “mordomo” para resolver todas as barreiras, controlar tudo e capaz de avisar caso haja problemas, já munido de soluções propostas e analisadas. Isso é servir!
3. Gerenciar expectativas
Nosso personagem também era especialista em gerenciar expectativas, imagine manter-se controlado atendendo a vários Presidentes com personalidades diferentes, ter sua esposa com problemas de alcoolismo, ter um filho protestando contra o Governo e ter um outro filho no Vietnã. Complicado! Mas Cecil permaneceu firme, suportando todas essas dificuldades e ainda servindo drinks e biscoitos na Casa Branca.
Na vida passamos por muitas dificuldades e é realmente complicado gerenciar as expectativas de chefes, conjuge, filhos, alunos etc, mas… não tem outro jeito! Pode ter certeza que a mesma dificuldade que você tem, todos têm também. Então é bom termos a consciência de que se lamentar não resolve, levar problemas de casa para o trabalho não resolve, tratar os outros de forma emocional não resolve. A única solução é manter o equilibrio e prosseguir.
Mas o que significa gerenciar expectativas?
Identificar quem são as pessoas importantes nas nossas vidas e quais são suas necessidades, desejos e problemas e suprí-los, dentro do possível, com o que temos a oferecer. Cecil não tomou todas as decisões certas, mas teve certeza de que tomou a melhor decisão que poderia tomar naquele momento. É como prega o Princípio do Bem-estar Máximo, da filosofia Utilitarista: Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar.
Desejo sucesso a todos!
Eli Rodrigues