Como organizar o Product Backlog
Product Backlog / Backlog de Produto
O Backlog de Produto (Product Backlog) é um artefato utilizado em projetos Scrum que serve para listar, descrever, priorizar, organizar e medir o desenvolvimento de um produto.
A base de sua estrutura são as estórias de usuário (user stories), que nada mais são que requisitos na visão do usuário. Ex:
- Como cliente, desejo comprar roupas de malhação
- Quero um ambiente agradável, espaçoso, onde possa provar as roupas antes de adquiri-las
- Desejo pagar com dinheiro, cartão e cheque
- Desejo Poder receber os produtos que comprar na minha casa
Os estórias são escritas na visão do usuário para que, ao final do desenvolvimento, se tenha algo útil ao usuário e não apenas uma funcionalidade com uso técnico. Por exemplo: uma “API de conexão com um sistema de contas-correntes” não tem valor direto para o negócio, ao passo que “buscar clientes com contas negativas” pode ter algum.
Prioridade de negócio
Imagine que deseja montar uma loja de roupas de artes marciais, qual o primeiro passo?
Normalmente as pessoas respondem: Alugar um local. No entanto, o primeiro objetivo da loja é vender e para fazer isso não é preciso um local, mas as roupas.
Na primeira sprint, o objetivo deveria ser comprar roupas, colocar no porta-malas do carro e parar em frente a alguma academia para começar, imediatamente, a venda. Isso é valor!
Na segunda, já com algum dinheiro em caixa, poder-se-ia procurar fornecedores com maior qualidade por um menor preço. E na terceira, começar a procurar um local bacana para fazer a loja, já conhecendo o mercado e suas peculiaridades.
Portanto, o valor de negócio é diretamente relacionado ao objetivo final e, para ter o maior retorno no menor tempo possível, o projeto deve ser estruturado para testar o conceito primeiro, antes de fazer maiores investimentos. É o que o mercado chama de MVP (minimum viable product).
Se o dono do produto (product owner) descobrir que seu objetivo é inviável, poderá parar o projeto sem tantos prejuízos. Num projeto tradicional, as primeiras semanas seriam de planejamento, enquanto num projeto ágil, seriam de venda. Isso tem mais a ver com a filosofia que com a metodologia utilizada.
Organização em Sprints
Uma vez que tenha listado as estórias de usuário, é preciso medir os pontos por estória de usuário (story points) para encontrar o tamanho do projeto e organizá-lo em sprints.
No começo do projeto, não se sabe ao certo quantos story points o time será capaz de fazer por sprint. Deve-se, portanto, passar uma meta e verificar o quanto conseguem fazer ao longo de algumas sprints e, só então, se poderá calcular a velocidade do time. Apenas com a velocidade real do time, o product owner passará a ter algum nível de previsibilidade.
No Scrum, ao invés de fazer um cronograma, usa-se o conceito de Time Box, em que o tempo é fixo e o escopo é variável. Com esse conceito, pode-se economizar bastante tempo de planejamento, mas perde-se a sensação tradicional de controle do tempo. Em outras palavras, o time vai fazer o melhor possível no tempo disponível.
Medindo a evolução do Product Backlog
Para acompanhar o projeto é preciso um quadro que mostre os pontos previstos x realizados em cada sprint e a velocidade do time. Com esses dados é possível medir quando o projeto terminará (ETC – Estimate to complete), o que embasará o PO sobre a adição, redução ou modificação de estórias ao longo do projeto.
Explicação dos campos:
- A linha cinza mostra quantos pontos estão previstos para cada sprint
- A linha rosa mostra quantos foram realizados
- Os SPs (story points) acumulados serve como base para o cálculo das sprints restantes
- As horas nesse exemplo totalizam 5 pessoas trabalhando 8 horas/dia em sprints de 10 dias
- A produtividade serve para avaliar a distribuição da carga de trabalho
- As Sprints Restantes mostram quanto falta para o projeto acabar (em sprints)
Product Burndown
Outra ferramenta bastante utilizada é o product burndown, que mostra o trabalho restante em story points e deve mostrar a relação entre o previsto e o realizado.
Com esse gráfico, pode-se acompanhar avaliar riscos do projeto não cumprir a data e tomar ações preventivas (e corretivas) para mantê-lo nos eixos.
Baixe aqui a planilha utilizada no exemplo.
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Eli Rodrigues
Muito bom Eli!
Parabéns pela explicação. Eu atuo como P.O. em uma grande empresa, trabalhamos com o SCRUM há 5 anos e temos obtido grandes resultados.