“O discurso do Rei” e como pessoas limitadas podem gerar resultados impressionantes

Comentários sobre o filme

O Discurso do Rei é um filme sobre o rei George VI e seu problema de gagueira. Se passa no período que antecedeu sua coroação e retrata a tensão emocional vivida pelo rei e seu povo naqueles tempos de guerra. O rei contrata o professor Logue para ajudá-lo, uma espécie de fonoaudiólogo com métodos pouco ortodoxos e que tenta, a todo custo, ajudá-lo a melhorar a fala. Eles passam por vários conflitos até conseguirem melhoria na oratória do monarca. O expectador do filme é envolvido emocionalmente em pelo menos três perspectivas: do povo inglês, do fonoaudiólogo e a do próprio Rei. São três dramas distintos que se encontram na história. Um belo filme.

George IV precisava cumprir vários protocolos por causa de sua posição. Ainda como príncipe, fazia inaugurações, discursos e comparecia a eventos sociais. A forma como o povo enxergava a família real era bem peculiar. A realeza era símbolo de  poder e  segurança e representava a própria nação. Por essa caraterística, o Rei deveria apresentar-se de forma procolar, vestir-se adequadamente, falar bem e ter sua vida pessoal o mais discreta possível. Havia assessoramento para garantir tudo isso.

O drama do Rei era sua intragável gagueira, era quase impossível uma conversa sem travar. E os eventos do filme o levam a obrigatoriedade de superá-la. O fonoaudiólogo, precisava suportar as grosserias e a negação do rei, além oferecer suporte quase fraternal às suas deficiências mais profundas. O povo sofria junto com o rei e aplaudia cada progresso, porque se sentiam parte do seu drama. O fato é que George IV se tornou rei e não teve como fugir da responsabilidade de seu cargo, mesmo sendo limitado (principalmente em sua autoimagem).

Embora tivesse dificuldades para falar, George IV tinha outras características: Era Resiliente, não desistiu jamais nem fugiu à responsabilidade de se tornar Rei. Ele era honesto, nunca escondeu (e nem tinha como) sua dificuldade do povo, mas invés disso permitiu que o povo participasse de seu progresso; tinha Consciência das dificuldades e limitações  e lutou para superá-las; Tinha preparo para os protocolos, conhecimentos necessários para o cargo e a conduta adequada. Ele estava  pronto para governar.

Pobres pessoas limitadas

Toda essa pressão sobre o rei George IV, me lembrou o movimento de “idealização profissional” que vem acontecendo nos últimos anos. Surgiram gurus por toda parte identificando e defendendo características de produtividade, liderança, resiliência, criatividade… como se todos nós, um dia ou outro, não acordássemos de mau humor, querendo ficar em casa de pijama tomando coca-cola o dia inteiro.

A idealização tem raízes profundas na história humana, desde que o bicho-homem começou a falar, aprendeu a criar lendas: Um grande caçador que matou um leão com as próprias mãos, a lança que perfurava 10 homens com um único golpe, o homem mais sábio do mundo, o herói invencível, o pipoqueiro que ficou milionário, o executivo de mega-corporações que nunca falhou e muitos outros. Todas essas lendas podem ter nascido de fatos reais, mas foram idealizadas ao longo do processo de comunicação.

De qualquer forma,a idealização tem um papel importante na formação de caráter, pois é didática. Não haveria como ensinar ao inculto o que é cultura, nem ao turrão como ser líder, nem ao covarde como ser corajoso, sem que houvesse alguém para figurar, alguém que já realizou aquilo, nem que seja apenas um personagem.

O fato é que grandes homens, mesmo os mais poderosos, são normais como você e eu. Tem imperfeições, passam dificuldades, fracassos e problemas pessoais também. E é a experiência de vida (e de trabalho) que nos torna mais esclarecidos quanto a inexistência do ser humano perfeito. Que tipo de profissional esperamos contratar? Aquele que tem todos os conhecimentos, habilidades e atitudes? Continue procurando. Se houvesse um profissional perfeito, certamente não iria trabalhar em uma empresa imperfeita.

A idealização se torna prejudicial quando o indivíduo compara-se com pessoas fora do seu meio social – e isso acho impressionante, é o plebeu comparando suas posses às do rei, o escravo frustrado por não ser senhor, o analista se comparando com o acionista ou a classe média (nós) querendo comprar um helicoptero para passear em Angra. Digo sempre aos meus amigos e clientes: “Invés de gastar energia pensando no que não tem, alegre-se em perceber tudo que conquistou”.

Como gerar resultados impressionantes

Sabendo que somos limitados e falhos,  e não apenas nós, toda a humanidade. Podemos começar a analisar o que temos a oferecer para a sociedade. A primeira análise que sugiro é a auto-análise: O que você sabe? O que você põe em prática? Quem você é? Quais são seus princípios? O que você gosta de fazer? Onde gosta de estar? Está satisfeito com sua vida hoje? O que gostaria de mudar?

A segunda análise é a do SWOT, encontrar seus pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Faça isso deliberadamente e saberá tanto “vender-se” numa entrevista, quanto amplificar suas qualidades. A estratégia é individual.

A terceira e última análise é a das metas. Qual seu objetivo de vida? Qual o objetivo de sua carreira? Crie metas “smart” para chegar lá. Não tem erro, tudo que você escrever e correr atrás, pode vir a alcançar algum dia, mas se não escrever nada e nem correr atrás, certamente jamais alcançará.

Para gerar resultados impressionantes é preciso coragem para encarar seus medos; planejamento para traçar o caminho antes de caminhar sobre ele; preparo para adquirir previamente as qualificações necessárias  e  auto-aceitação para aceitar seus defeitos, amplificar suas qualidades e viver em contínua melhoria. É a famosa frase de Thomas Edson: “Talento é 1% inspiração e 99% transpiração”.

Não existe líder ideal, nem um processo “bala de prata”, o que existem são pessoas que planejam suas metas e comemoram suas conquistas. Seja mais um desses!

Eli Rodrigues

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Publicado por: Eli Rodrigues

There are 3 comments for this article
  1. Pingback: Picos e Vales « Liderança e Gestão de Projetos
  2. Anônimo at 16:52

    Preciso de uma ajuda para fazer uma conclusão sobre o discurso do rei. Me ajudem por favorrrrrrrrr